Se as mulheres portuguesas visitam o Youtube tanto quanto os homens, poderíamos pensar que talvez houvesse tantos canais criados por mulheres quanto por homens. Mas não! Owhana, Inês Rochinha, Olívia Ortiz e Rita Serrano, Youtubers portuguesas contam-nos as suas experiências. Aprenda com elas!

Todos os meses, em cerca de 100 países, mais de 2 mil milhões de pessoas visitam o Youtube. A cada minuto são postos na plataforma 500 horas de vídeos. Sim, a cada minuto. A maioria usa o telemóvel para ver os seus canais preferidos e gastam em média cerca de 60 minutos por dia de olhos colados no ecrã (só no Youtube, fora o resto!). Em Portugal este público é bem equilibrado no que se refere a homens e mulheres.

Sim, esqueçamos os mitos: as mulheres adoram vídeos, assim como gostam de videogames, de carros e de muitas coisas ditas ‘de homens’. Se calhar, dão, ou melhor, damos, importância a aspectos diferentes em cada um destes temas, mas gostamos.

Enfim, tudo isso para dizer que, se o acesso não é problema, a produção de conteúdos ainda é um território maioritariamente masculino aqui e também lá fora. E não é por falta de interesse por parte das mulheres. De acordo com o Youtube, as buscas pelo termo ‘empowerment’ duplicaram em Portugal em comparação com o ano anterior. E as buscas relacionadas com as principais criadoras de conteúdo nacionais aumentaram em 80% no mesmo período de tempo.

Perante este cenário, tudo leva a pensarmos que as condições são ideais para o aparecimento de novas Youtubers. Então do que está à espera?

Ops, mas antes que se lance neste universo, aproveite a experiência de quem já trilhou o seu caminho. Estive com Owhana, Inês Rochinha, Olívia Ortiz e Rita Serrano num evento de ‘empowerment’ do Youtube e veja o que partilharam connosco.

Youtube e Youtubers no feminino: Owhana, Inês Rochinha, Olívia Ortiz e Rita Serrano

Ser ou não ser (uma Youtuber). Eis a questão!

Parece fácil e glamouroso… só que não. Sim, é bom ser dona do próprio nariz e não ter um trabalho das 9 às 17h. “Não temos de estar diante de um computador num horário tradicional de expediente, mas há alturas em que certamente trabalhamos das 7h às 2h… ou mais!”, comentou Inês Rochinha, a mais experiente do grupo, que começou há oito anos a criar vídeos.

É verdade que o Youtube aposta na diversidade e na inclusão. E estas são as suas mais-valias. “O botão de upload é igual para todos”, lembrou Olívia Ortiz, que se divide entre a televisão e o Youtube. Mas é preciso dedicação e coragem para não ter medo de errar até encontrar o seu lugar e a ‘sua voz’.

Todas estas Youtubers nacionais começaram por apostar em temas tipicamente femininos. Inês Rochinha começou a apresentar peças que costurava com a avó, passou pela moda, maquilhagem, etc. Rita Serrano começou com hairstyling, sua especialidade. Owhana começou o canal do namorado o famoso Youtuber Wuant. E Olívia Ortiz procurava uma alternativa ao universo demasiado regrado da televisão.

Todas, sem excepção, foram através da experimentação descobrindo o seu caminho e o seu lugar, mas também todas descobriram que quando passaram a ser o centro do canal – em vez dos temas que escolheram – começaram a chegar às pessoas. E o feedback tem compensado todo o trabalho que tiveram e têm para criar cada vídeo. Dá trabalho!

Haters & lovers

Os ‘haters’ estão lá sempre, mas as reacções positivas suplantam-nos definitivamente. “Sou plus size, não sou de todo o esterótipo feminino, e cada vez que vejo comentários de que o que faço foi importante para alguém, que serviu para dar força a raparigas como eu, vejo que vale a pena”, comenta Owhana.

Quando saiu dos temas habituais e partilhou um tema muito pessoal, de assédio, Rita Serrano sentiu verdadeiramente o efeito do seu depoimento no seu público. “Foram diversos comentários e mensagens directas de mulheres que também quiseram pela primeira vez falar de uma experiência traumática. Foi importante”, recorda.

Quando trabalho e vida pessoal se misturam. E na vida de uma Youtuber a confusão é constante, o apoio de maridos e namorados é essencial. Quanto mais não seja o facto de aceitarem a dedicação e compreenderem sua a falta de tempo. E quando pergunto se fazem tudo sozinhas respondem unanimemente que este apoio que têm é fundamental.