O desafio era descobrir como uma scooter pode facilitar o dia-a-dia. Aceitei-o! E agora? Aqui está o que tirei desta primeira parte da minha experiência.

Este desafio fez-me lembrar do filme do italiano Nanni Moretti, ‘Querido Diário’, em que o autor e também ator principal, entre outras coisas, deambula pelas ruas de Roma na sua Vespa. Adorei o filme e sonhava em poder fazer o mesmo. Mas como High-Tech Girl, em vez de uma Vespa, preferi experimentar uma versão mais tecnológica também italiana, uma Piaggio*, famosa pela inovação e avanço tecnológico que traz ao mundo das scooters. E assim foi, ou melhor, fui, não sem uma boa dose de nervos e, porque não dizer, medo. Mas vamos aos detalhes, que são o que interessa.

O primeiro encontro. Uma foto sem capacete para a posteridade.

Piaggio Center Lisboa

Antes de começar

Para conduzir uma scooter como a Piaggio Medley S 125cc não é preciso mais do que uma carta de condução normal de ligeiros. Uma scooter, no entanto, não é um carro e, assim, antes mesmo de ter nas mãos a que iria experimentar, nada melhor do que aprender o básico e essencial com quem sabe do assunto: a Prevenção Rodoviária Portuguesa. Com os especialistas da PRP aprendi as regras de ouro para uma condução segura. Na teoria e na prática. Valeu a pena e recomendo. Segurança é fundamental!

Amor à primeira vista

O dia ‘D’ nunca mais chegava, a chuva insistia em estragar a festa e atrasava o início da experiência. Numa tarde mais ou menos seca lá fui com borboletas na barriga e um medo fininho a atravessar a espinha. O medo faz parte e, como foi dito no treino, é essencial. É o que nos faz mais cautelosos, o que nos leva a ter a atenção máxima e em todos os pontos.

Ao chegar à Piaggio Center Lisboa, em Alcântara, foi amor à primeira vista. Vermelha, viva, com muita energia. Lá estava a Medley que me seria destinada. Adorei. É verdade que se fosse preta, azul, cinzenta o encanto seria o mesmo. Mas esta é especial.

O trajeto Alcântara – Estoril foi feito sem sobressaltos. Escolhi, para começar, ganhar experiência na Linha de Cascais. Há menos subidas e descidas drásticas como em Lisboa, menos carros, menos pisos irregulares (menos, mas os há também) e apenas os carris dos comboios. Acho que fiz uma boa opção.

Estarei a ficar louca?

Tem sido difícil concentrar-me no trabalho. As desculpas para ‘dar uma voltinha’ insistem em saltar-me diante dos olhos atrapalhando o ritmo de trabalho. A custa disso, nunca fui tantas vezes ao mercado como nos últimos dias! Mas melhor do que isso, atrevi-me a ir àqueles sítios onde uma pessoa acaba por nunca ir porque não dá jeito, não há onde deixar o carro perto, a preguiça desanima ou simplesmente faltava um bom pretexto. Neste sentido a Medley veio revolucionar a minha rotina.

Isso aconteceu quando ao segundo dia ultrapassei a única barreira que me impedia de ir e vir com o à vontade que imaginava (e sonhava). Ou seja, quando deixei de usar o descanso principal, fisicamente mais difícil de pôr e (sobretudo) tirar, e passei a usar o descanso secundário. A partir daí passei mais tempo pelo Estoril, Cascais e adjacências do que propriamente diante do computador. Fui ao Mercado da Villa durante o dia, fui ao Parque Marechal Carmona num fim de semana, passei a pente-fino as ruas do Estoril, Monte Estoril, Cascais e arredores, arrisquei ir ao Cascaishopping naquelas alturas em que é impossível encontrar lugar para o carro e deslizei pela marginal vezes sem conta, Guincho incluído.

Ideias que ficam

. Travel Light – Sabe melhor andar sem nada às costas. No espaço de arrumação do banco cabe muito mais do que podemos sonhar. E eliminar o supérfluo é um bom princípio. Se calhar, uma ideia veio para ficar.

. Os aromas da Primavera – Das coisas que mais gostei foi sentir ora cheirinho a relva acabada de cortar ora a flores de um jardim, cheiro a mar, sempre, e outros tantos pelos caminhos que tenho feito. Normalmente fechada no carro nunca os sinto. É verdade que posso abrir as janelas… mas não é a mesma coisa.

. Proteção para os olhos – Na Primavera em especial convém evitar que o pólen, sementes e partículas entrem para os olhos. Sem falar na maquilhagem. O vento às vezes faz chorar… e pode estragar o visual.

. Solidão boa – Ter os pensamentos como companhia sabe bem. Sem música, sem conversa. Difícil explicar, mas este foi um prazer inesperado, quase uma meditação.

. Vale a pena ‘sair da caixa’ – Seja esta caixa as normas ou o cantinho confortável em que nos instalamos seja o bom e velho carro, fechadinho e protegido. Enfrentar o desconhecido foi muito bom.

 

2 em 1

E ao sétimo dia tudo mudou uma vez mais. Para melhor. Depois do medo, da preocupação, do prazer mas com alguma tensão, comecei realmente a relaxar (sem perder a atenção) e a deixar o corpo seguir a scooter. Valeu a pena chegar até aqui. Tudo ficou (ainda) mais fácil e agradável. Estou pronta para Lisboa!

Até à próxima!

*Convém aqui lembrar que as scooters Piaggio e Vespa são fabricadas pelo Grupo Piaggio.